Lefty

Os Lefty são tão bons que, apesar de lançarem o álbum de estreia no inicio deste mês de Setembro, acabei por não conseguir segurar o entusiasmo e cá está este artigo a dizer-vos “Olá!”, entre outras coisas extremamente oportunas.


Este projeto conta com quatro intervenientes de alto calibre. A voz atrevida, repleta de personalidade e que se veste a fazer pandã com a irreverência pertence à Leonor Andrade. O baixo que nos faz vibrar mais do que as Good Vibrations dos The Beach Boys, pertence ao João Nobre. A guitarra que nos faz estremecer e que nos acorda com os seus acordes, é do Pablo Banazol. Quanto à bateria, aquela que nunca está fraca e que jamais precisará de ser carregada, está entregue ao Dani Meliço. O corpo dos Lefty é este. Quatro pessoas que vêm de outros projetos, outros passados, mas que nos Lefty conseguem fundir tudo aquilo que de comum albergam musicalmente. A troca de experiências musicais foram os alicerces deste projeto. Mais do que isso, a química e a boa compatibilidade no seio da banda contribuíram para que este projeto subsistisse e continue a subsistir.


Conheci os Lefty graças a um amigo, ao Eduardo Mendes. Íamos jantar fora, ao SoleMio, sítio no qual já trabalhei, comi e recomendo. O que aconteceu foi que antes de irmos jantar, ele disse-me com toda uma certeza absoluta que andava a ouvir uma banda que eu tinha de ouvir. Apanhamo-nos no mesmo carro e, de repente, a “Sede” começou por ser o mote inicial para uma grande noite. Assim que dei por mim a ouvir o som de A a Z, posso afirmar que foi amor à primeira vista. Ou melhor, foi amor ao primeiro ouvido. Não podia pedir por melhor entrada! Assim que cheguei a casa dei por mim a deambular num loop autêntico, em pleno Youtube, na “Sede” de deixar com que a faixa, por sua vez, hidratasse a minha sede por boa música nacional. Fiquei inundado, de sede saciada, mas com bastante fome de ouvir muito mais daquilo que os Lefty têm para nos dar.


A “Sede” foi lançada a 19 de Novembro de 2020. Este é, como já deve ter dado para perceber, ou não, o primeiro single lançado pela banda. Este som é marcante, chega de rompante e convence-nos sem medos ou pudores de ser o que é: um hino. A letra tem o seu quê de vida boémia, de lembrança e de esquecimento. Somos remetidos para noites memoráveis e para uma liberdade que é distintiva. Estamos perante uma abordagem inusitada daquilo que é um rasgo de vida. Uma visão genuína e muito bem concebida. O instrumental do som é vertiginoso, somos absorvidos por uma espécie de hiperatividade. O andamento deste som deixa-nos irrequietos e extasiados. É o dom que provém do rock quando o mesmo é pintado com os pincéis do punk ou de estilos que nos agradam simplesmente por existirem. Isto ouve-se bem alto, dez vezes seguidas, no mínimo e a dar o máximo.


O segundo single da banda, até ao momento, é a “Fiança”. Este single nasceu, para nós, a 4 de Junho de 2021. A espera até pode ter sido longa, mas foi totalmente recompensadora. Tudo o que disse sobre a vertente lírica do primeiro single, mantém-se aqui. Ou seja, o tipo de abordagem é semelhante e, desta feita, podemos concluir aqui uma certa tendência naquela que é a parte da criatividade lírica. A abordagem sempre destemida e honesta é assinalável e apelativa. A “Fiança” é um som que nos oferece um ímpeto diferente. É uma música que respira de outra forma. Sentimos aquela que também consegue ser a calma dos Lefty, por assim dizer. Aqui, a erupção sonora tarda em surgir. Todavia, ela acaba por emergir. É como estar a assistir ao fogo de artifício na madrugada duma romaria. É sempre em crescendo. Os sons por eles produzidos são como os hidratos de carbono, fornecem-nos energia. A “Fiança”, desde que sejam os Lefty a financiar, fica sempre bem paga.


Dois singles que culminam em dois postais, dois cartões de visita. O álbum está quase quase a conhecer a luz do dia e a escuridão da noite. Os Lefty, mais do que uma homenagem ao facto de a mãe do João escrever com a mão esquerda, são algo muito próximo do vício auditivo. Os próprios assumem que é uma missão quase impossível conseguirem definir o som que produzem, uma vez que aquilo que o origina é uma vasta mescla de backgrounds. Ou seja, as influências destacam-se pela pluralidade e, por sua vez, acabam por não se cingirem a uma singularidade ou a uma vertente restrita. A Leonor teve a oportunidade de confessar, (não sou padre, mas pouco importa), na entrevista, que as letras são autobiográficas. Esta intimidade é divulgada e transportada através da magia instrumental do grupo com mestria.


A ansiedade existe e existirá, até ficarmos a conhecer todos os contornos do álbum. Quando o álbum estiver à solta regressarei para falar dele. A tentação é grande. Além da óbvia qualidade musical, podemos constatar que mais do que grandes músicos, este projeto conta com grandes pessoas. A recetividade e a abertura são de se louvar. Os Lefty têm tudo para dar certo, como o preço. Das bandas mais promissoras que temos a morar no país. Estão prestes a rebentar para um futuro que lhes será grandioso e risonho! Os Lefty são algo com o qual queremos ficar.
Deixem tudo o que estão a fazer e façam-me o favor de se deliciarem com os dois singles da banda! Lefty! Lefty! Lefty!

Não percas a entrevista com os Lefty aqui!

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