Entrevista – QUINTA-FEIRA 12

1-Olá Rodolfo! Desde já, aquele obrigado pela disponibilidade. Explica-nos, como e quando surgiu a ideia de começar um projeto como “Quinta-Feira 12”?


“Olá Rui, então… Quinta-Feira 12 surge da necessidade de explorar áreas mais melódicas, deixar de parte o lado mais agressivo que trazíamos do metal de My Cubic e The Year. Precisávamos de dar espaço a coisas musicalmente mais diretas e liricamente mais familiares. É na língua materna e eu e o João, em específico, sempre gostámos de certas referências que fomos ouvindo em inúmeras viagens, o que facilitou a troca de ideias para este projeto, que começou com uma mistura de referências do primeiro álbum.”


2-A vertente eletrónica, neste projeto, tem uma presença sólida e recorrente, além de ser bastante empática e, até mesmo, algo festiva. Quais são as influências que vos levaram a escolher esse caminho?


“A vertente eletrónica cai-me nas mãos quando eu e o João estamos com essa vontade de escrever coisas mais calmas. Precisámos de acrescentar camadas instrumentais às ideias que tínhamos. Isto, pela possibilidade de formatos ao vivo mais reduzidos que ainda não experimentamos. Eu tinha acabado de entrar no mundo do sound design e acabei por trazer muito do universo eletrónico e cinemático aos instrumentais. Instrumentais esses, que Dani “Caos Armado” teve a paciência de produzir comigo e ainda trazer contributos de teclas e guitarra, estes que foram aprovados no momento, pela naturalidade com que ele as tocou. “


3-As vossas letras têm sempre títulos e histórias sugestivas e que, em simultâneo, despertam uma certa curiosidade, por ser peculiares e objetivas. O que é que pretendem transmitir através das vossas letras?


“As nossas letras nunca passaram muito de problemas de primeiro mundo. Felizmente e apesar das dificuldades pessoais de cada um, crescemos os dois num ambiente bastante privilegiado. Dessa forma, apenas poderíamos escrever sobre isso, honestamente e foi o que aconteceu. Algumas histórias de amor e de todo o espectro de relações. Algum descontentamento com o sistema em que crescemos e claro, sempre um pouco sobre a fragilidade do ser humano. Tentamos não ser muito literais, mas às vezes preferimos ser diretos, em vez de exagerar nas metáforas. Porém, somos só miúdos que escreveram uns poemas pra meter nas canções que compúnhamos. Portanto, diria que como em tudo, ainda estamos a crescer nesse campo.”


4-Depois do primogénito “Fiasco” e do seu sucessor “Quase Pop”, podemos esperar novidades para um futuro próximo?


“Podemos com certeza esperar novidades, ainda para este ano. Estamos em fase de produção e composição de coisas novas que irão sair faseadamente. Isto irá culminar num terceiro álbum de QF12. Acho que se pode contar com muitos elementos eletrónicos do “Quase Pop”, apesar de voltarmos um pouco à orgânica e acústica do “Fiasco”.


5- Por fim, a pergunta mais clichê do momento e, também, a mais inevitável. Como é que tem sido lidar com a pandemia e com os handicaps que ela tem imposto?


“Tem sido um pouco frustrante. Pouco antes da pandemia, começamos logo a cancelar eventos por problemas graves de saúde dentro da banda. Logo a seguir veio esta distopia toda e fez-nos abrandar ainda mais nas produções e ideias. Para bandas no nosso patamar era muito difícil investir em grandes produções como live streamings, novos vídeos e músicas, sem poder tocar e sem estrutura para sustentar esses gastos. Assim, deixamo-nos respirar, pusemos algumas questões sobre o que queríamos fazer e resolvemos ir escrevendo novos temas, sem pressão duma data de lançamento e sem muito teasing. Assim, tudo sai naturalmente. “


6- Esta questão que se segue é neird e algo técnica. Aqui vai: Apresentas-nos o arsenal de instrumentos que são usadas na banda? Acho que esta questão é pertinente, até porque sem os instrumentos, nada aconteceria. Eles merecem a gratidão e o reconhecimento.


“Em relação ao material que usamos vou tentar não mentir, até porque nunca fomos os maiores neirds! A minha guitarra é uma Duesenberg que na altura comprei pela estética. Claro está, que a experimentei e agradou-me. Uso-a com uma Combo Mesa Boogie Rectoverb, e tenho adorado a combinação. Deixa-me ir do som limpo e mais cristalino, até à distorção mais agressiva. O clássico pedal Delay LINE 6 DL4 e o Reverb Cathedral da Electro Harmonix fazem maravilhas nos efeitos. Ocasionalmente uso um Overdrive da MAXXON que migrou do metal para QF12 e dá jeito para sujar um pouco o cristalino, de vez em quando. O João tem sido fiel à Gibson Les Paul e Fender Telecaster, assim como a guitarra acústica que recentemente levou um upgrade. O Freitas toca baixo e o Pedro na parte eletrónica dividem-se um pouco num espaço que é dos dois. O Freitas tanto toca no baixo, como noutros temas passa para o Mini Korg do Pedro para baixos eletrónicos ou mesmo vocoder. O Pedro Correia na parte eletrónica e sampling tem usado o seu MASCHINE da Native Instruments com um teclado de Midi Arturia. O Kitz toca com um kit híbrido de bateria com um spds para elementos eletrónicos.”


7- Quizz Com (Pouca) Noção
As regras são simples, como as de três:

  • Responder com o máximo de seriedade possível, isto é, sempre com noção;
  • No entanto, se a noção não existir? Tanto melhor.
  • As respostas podem gerar conflitos no seio da banda.
    a) Quinta-Feira 12 é um presságio de sorte. Apesar de ninguém ser a favor da violência, qual é o elemento da banda que é mais capaz de ganhar uma lotaria?
    “O Kitz, (Carlos Afonso). Baterista. Tem mais sorte que juízo.”
    b) Qual de vocês é o mais fora-da-lei para arranjar problemas com a Dona Chica?
    “Eu, Jaca. Não faço mal a uma mosca, mas de 3 em 3 anos tenho um dia mau de vinho.”
    c) Quem é o mais atlético e, por sua vez, merecedor duma convocatória para uma paratida de Cabra-Cega?
    “Talvez o João. Tem sido a pessoa mais atenta à própria saúde e forma física.”
    d) Têm algum ritual antes de entrar em palco para que Quinta-feira 12 não se transforme em Sexta-Feira 13? Esta questão não é bem digna de Quiz, mas aqui improvisa-se.
    “Metemos a mão de cada um no centro e fazemos um grito desportivo. Cada um diz o que quer e em simultâneo. Uma confusão, portanto.”
    e) Se tivessem que tocar uma música em loop durante um concerto inteiro, qual seria?
    “Não conseguimos decidir entre a Dona Chica ou Isidro-Mãos-de-Canalha.”

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *