The War Drugs – “I Don´t Live Here Anymore”

O quinto e, também, mais recente álbum dos The War On Drugs surge para nos lembrar que nunca nos devemos esquecer destes rapazes. Este álbum é a continuação do legado muito próprio da banda. As músicas da banda são, quase sempre, o melhor meio de transporte para que as nossas sensações se deixem levar algures até o desconhecido. O sofrimento, a solidão, a memória e o sonho. Podemos encontrar tudo isso neste álbum e devemos ouvir. O disco mantém-se fiel àquilo que, desde sempre, fez parte da identidade da banda. Todavia, também podemos tropeçar em sons mais eletrizantes e enérgicos. A produção deste disco tem uma estrutura mais elaborada, presa por detalhes que, para os ouvidos mais atentos, fazem toda a diferença. Os The War On Drugs são uma banda que, apesar de terem um enorme reconhecimento, mereciam mais. As pessoas esquecem-se muito deles, o que acaba por ser ingrato. Mas quem os conhece e ouve, sabe bem do que é que este grupo é capaz. É capaz de tudo. Para mim, são os donos de uma das melhores músicas de sempre, “Strangest Thing”. Um tema que me marcou por inúmeros motivos e que me fez sentido por outros tantos. Mas vamos a este disco!


Granducel afirmou que este é um álbum que aborda a mudança, crescimento e envelhecimento. Ou seja, é um álbum que explora a nossa existência com mestria. A faixa “Victim” é, para muitos, um dos melhores temas escritos por Granducel. Um som arrebatador e vertiginoso. Em “Occasional Rain”, sentimos as cores da orquestra dos The War na perfeição e na magia… deles. Os ritmos, aqueles vocais inconfundíveis. Com chuva desta qualidade? Que chova todos os dias. Estou a brincar, todos também não. “Living Proof”, traz-nos uma vibe com um sotaque country e rural. Que sotaque é esse? Pesquisem. “Harmonias´s Dream”, um sonho de som. O meu som preferido do disco, talvez. “Change”, um som que nos diz para não mudarmos de música. “I Don´t Wanna Wait”, um som pelo qual não podemos esperar para ouvir. “I Don´t Live Here Anymore”, mas devíamos. É tão fácil fazer com que o som dos The War On Drugs pertençam à nossa mobília. Este som conta com a participação de Lucius. “Old Skin”, um som que faz arrepiar a pele, quer seja ela nova ou velha. “Wasted”, um som que nos leva a perder nesta ou naquela noite, mas nunca a cabeça. “Rings Around My Father´s Eyes”, um som que tem um título muito longo para fazer um trocadilho. Um som que começa com uns acordes acústicos e que dança nos nossos ouvidos em slowmotion.


Que álbum bonito, realmente bonito! Os The War On Drugs trazem consigo um carisma gigante. As cordas vintage, as alegrias escondidas na tristeza e uma capacidade surreal de nos fazerem aquela companhia. Sempre com aquelas letras “pouco” eruditas, mas tão tão eficazes. As maratonas sonoras que eles nos oferecem são incansáveis. Uma banda que se refugia na simplicidade dos instrumentos, fazendo com que os mesmos nos soem a complexo. É assim que se faz música com sentimento. Muito. É o rock clássico que combina um café com o pop simples. Atingem-nos, também, com um shoegaze sublime. Indie também. Tudo junto. Álbum este, mais um, co-produzido e masterizado pelo Shawn Everett. É tudo tão mais clean neste disco, não existe grão, só arte. Simplesmente isso… Arte!
Com uma Guerra às Drogas destas, só queremos que ela não nos deixe em paz. Ouçam este disco!

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