Dream People

Estão acordados ou estão a sonhar? Os Dream People chegam-nos de Lisboa. Se isso chega? Claro que não. A banda é composta por: Francisco Taveira (vocalista), João Garcia (baixo), Bernardo Sampaio (guitarra), Nuno Ribeiro (guitarra) e Diogo Teixeira de Abreu (bateria).


A banda nasceu em 2019, e os primeiros passos foram dados através do lançamento do EP “Soft Violence”. Neste trabalho, a banda apresenta-se de fato e gravata, isto é, com maturidade. As incidências entre o Shoegaze e o Dream Pop são reais e recomendam-se. Em 2020, este EP obteve um feedback extremamente positivo do blog Mindies que considerou este trabalho como um dos melhores trabalhos portugueses lançados naquele ano. Em “Soft Violence”, encontramos temas como “Putos de Portugal” e “Violent Show”. Posso dizer que esta estreia foi destemida, uma estreia que não soa a estreia e que faz esquecer do nervosismo que uma estreia, normalmente, acarreta. Este trabalho fez com que apontasse no caderno A4 de capa preta, anteriormente utilizado nas aulas de Formação Cívica, o nome da banda.


Este ano, a banda lançou o “Almost Young”. Este trabalho fez jus ao apontamento que fiz no meu caderno A4. Aqui, encontramos tudo aquilo que de bom foi feito no EP anterior e não só. Sentimos um acréscimo qualitativo em cada detalhe sonoro. Testemunhamos, sem que para isso tenha sido necessário ir a tribunal, que o grupo está a evoluir em todos os aspetos. A coesão, a harmonia e a personalidade daquilo que é a identidade do grupo está a ser escrita e, neste trabalho, essa identidade foi mesmo desenhada. “People Think”, é um som que nos deixa a pensar sobre aquilo que será o resto do álbum. Adoro o baixo incansável deste tema, o baixo pode ser altamente? Pode, então não pode. As percussões combinam com a energia de tudo aquilo que está a acontecer, até o refrão nos trazer as cores das guitarras e uma letra que fica pendurada no nosso ouvido, bem junto ao brinco, (isto para quem usar). “Suburban Lifestyle Dream”, um som que nos atinge com um ritmo mais lento, mas não menos intenso. Este tema vive muito bem fora do refrão, com um riff de baixo que empresta um groove bem noturno à coisa. Descubram agora o que é isto do “groove noturno”. Esta música tem estilo que chegue para o vosso estilo de vida, ouçam-na. “I Knew Everything About You”, é uma epopeia na qual embarcamos no desconhecido, apesar de sabermos tudo sobre ti, tu que estás a ler. Este tema é morno, nunca perde a temperatura conforme vai progredindo. É linear e macio, como as nossas mãos quando têm Nívea. “Almost Young”, os vocais introduzem-nos o som. Som este que é semelhante a um foguete, ele que sobe, sobe e sobe, até rebentar. Este som explode enquanto ouvimos o processo que nos leva até essa mesma explosão sonora. Este som é cinematográfico e imponente. “Talking Of Love”, e por falar em amores, este é o meu tema preferido. Todos os processos e elementos sonoros a que esta faixa deu boleia fizeram sentido e, mais do que isso, fizeram-me sentir mais… do que estava à espera. Sentimos a constante ameaça de que o refrão vai entrar, ele hesita, mas quando o mesmo emerge… uau! A bateria a dar cartas, e tudo o resto a assistir com trunfos e mais trunfos. Esta faixa é um ótimo cartão de visita para quem quiser ficar a conhecer o incrível trabalho destes rapazes. Depressa, esse cartão de visita se transformará em cartão de quem ficou. A intensidade, as texturas e a fluidez com que tudo acontece é de enaltecer e de se ouvir. É um som mágico e que nos remete para uma viagem dentro de um foguetão a atravessar o espaço, e é aqui que entramos na órbita da banda. Isto fala-nos muito mais além do amor. Fala-nos de como ficarmos rendidos, de como dar valor ao que se faz pelo país, entre outras falas, (não tive tempo de decorar todas).


Os Dream People produzem um som de sonho para as pessoas. E nós como pessoas só temos de acompanhar aquilo que eles têm vindo a fazer. Faço questão. A mensagem por trás de cada letra é-nos comum. Os Dream People abordam muito a temática da transição geracional, da mudança, do amor, da religião, entre muitos outros assuntos. Aquilo que é abordado, no fundo, é aquilo pelo qual todos nós já atravessámos fora da passadeira ou vamos atravessar. Esta universalidade que lhes é inerente faz com que a banda nos consiga ser próxima, e o resto? O resto é aquilo que ouvimos. Um Dream Pop louvável, como há muito não se ouvia por cá. A inclusão dos mais variados estilos ao longo de uma música é algo que a banda replica na perfeição, estamos no Dream Pop, passamos pelo Indie, depois pelo Shoegaze e, por último, por um batido desses estilos todos juntos. É este o culminar da explosão sonora. As faixas longas são as mesmas que nos indicam que vão existir diversos ritmos, diversos momentos ao longo do tema. Vai haver tempo para nos prepararmos, para sermos invadidos pela energia e para respirar.


Conheçam este sonho!

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