Twin Peaks

Quando ouvimos falar em Twin Peaks começamos, de imediato, a fazer filmes, e bem. No entanto, também podemos ouvir a música que este grupo, proveniente de Chicago, tem para nos dar. O estilo que a banda apresenta divide-se no tempo e no espaço. É uma mixórdia entre o rock de garagem dos anos 60, visitando o punk, passando pelo indie, passeando pelo power pop, entre outros.

Cadien Lake James, vocalista e guitarrista, foi quem iniciou esta aventura musical, em 2010. A banda formou-se no colégio, com os amigos de infância Jack Dolan, baixista, e Connor Brodner, baterista. Numa fase mais adiantada, Clay Frankel, outro guitarrista, foi recrutado pela banda. Ele, que pertencia ao grupo Crash Hero, foi uma espécie de roubo, só que legal. A constituição da banda ficaria completa com a inclusão de Colin Croom, este que tanto está nos teclados como nas guitarras.

O primeiro álbum do grupo, o “Sunken”, surge em 2013. Todos os elementos desistiram do que tinham em mãos para se dedicarem única e exclusivamente à música. Gravaram o álbum no porão de Cadien Lake James. Tiveram à disposição um mixer digital danificado, um estúdio de gravação, também digital, dos anos 90. E, por fim, um iMac de 2004. Ou seja, a ostentação era-lhes alheia. Este álbum conta com faixas como: “Baby Blue” e “Fast Eddie”. O nome deste álbum provém do jardim Sunken Gardens Park, situado em Chicago. Este era o local onde a banda se reunia na adolescência para beber e confraternizar.

Em 2014, aparece aquele que, para mim, é um dos melhores álbuns da banda. O “Wild Union” chegou com tudo, obtendo uma avaliação de 3,5 em 5, da tão conceituada Rolling Stone. Neste álbum moram faixas incríveis como: “Sweet Thing” e “Making Breakfast”. Este álbum fala-nos das inseguranças que estão inerentes às mudanças e ao crescimento. Além de serem aprofundadas estas temáticas, existem várias pinceladas de humor a navegar pelas letras. Ainda nesse ano, a banda esteve no Pitchfork Music Festival. Já que estamos na onda de falar em festivais, no verão seguinte, estrearam-se no Lollapalooza.

Em 2016, é a vez de “Down In Heaven”. Gravado, na sua maioria, na casa de um amigo. Ao que parece, também é para isto que os amigos servem. Este é, talvez, o álbum com maior êxito do grupo e, a par do Wild Union, também nutro por ele um certo apreço. Um daqueles em que bate tudo certo. “Butterfly” e “Holding Roses” são duas das canções que o compõe. Foi neste ano, em 2016, que a banda catapultou para patamares mais “sérios” e prestigiantes. A banda ingressou em turnés e abriu concertos de bandas como Cage The Elephant e Portugal The Man. Aliás, foi em 2017, no concerto que fui ver dos Cage The Elephant, no Coliseu do Porto, que tive a oportunidade de ver e ouvir o talento destes rapazes. Foi, sem dúvida, um excelente e digno aperitivo. Desde então, fiquei fã e é isso que me leva a escrever este artigo. “Urbs in Horto”, chega-nos em 2017, em LP. Traz-nos gravações de espetáculos no Metro e em Thalia Hall. Aqui, temos incluído um cover, o “Dead Flowers” dos Rolling Stones. Em Julho desse mesmo ano, o grupo começou a lançar duas músicas novas todos os meses, até Dezembro. No final do ano, a banda decidiu compilar todas essas canções atribuindo-lhes o título de “Sweet `17 Singles”.

Por fim, o “Lookout Low” emerge em 2019. Álbum que foi gravado no País de Gales e, por sua vez, produzido por Ethan Johns. Este que é um produtor musical conceituado e dono da Three Crows Music. A sua experiência é ampla, tendo já trabalhado com: Kings Of Leon, Paul McCartney Kaiser Chiefs, Tom Jones, The Vaccines, Crowded House, entre muitos outros. Em “Lookout Low”, podemos ouvir sons como: “Ferry Song” e “Dance Through It”. Os Twin Peaks têm um trajeto ainda curto, são recentes. No entanto, apesar de ainda se encontrarem nos primórdios de um futuro que lhes será muito risonho, podemos-lhe destacar um talento que é enorme. Sentimos a juventude nos acordes que são poderosos. Verificamos evolução e, de ano para ano, a banda tem vindo a dar passos em frente. Somam-se as conquistas e, mais do que isso, o reconhecimento. De Twin Peaks podemos sempre esperar rock, fresco e a estrear. Dignificam o legado do rock, a bem dizer.

Não sabemos que tipo de rock vamos encontrar, mas sabemos que será bom e destemido. Twin Peaks é sinónimo de prosperidade. Deixem-se de filmes e ouçam!

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