Gorillaz – Cracker Island

O oitavo álbum de estúdio do grupo intitula-se de Cracker Island e é, também, um trabalho que conta com a colaboração de múltiplos artistas, tais como: Tame Impala, Bad Bunny, Thundercat, Beck, entre outros.

Na sua conceção, este álbum caracteriza-se por ser imprevisível. Ouvidas bem as coisas, seria quase impossível que o mesmo não fosse aquilo que é. São muitos os artistas oriundos de estilos distintos. Como tal, os resultados são diversificados. Aquilo que todos eles têm em comum é a capacidade que os Gorillaz têm de conseguir fazer do improvável algo de muito recomendável. Se quisermos fazer uma comparação com o mundo publicitário de há uns anos podemos imaginar a coisa como aqueles anúncios da NOS, dos duetos improváveis. Este trabalho aproxima-se desse contexto.

Existe a exploração do mundo pop, dub, hip-hop, eletrónica e por aí. A colorir os instrumentais temos, por sua vez, letras que caracterizam e valorizam a escrita do Damon Albarn. Ou seja, não só de beats e ritmos este álbum é feito. Transcende aquilo que é expectável. Este é, também, um fator que contribui para que o álbum não seja propriamente consensual. Se para um público é muito fácil gostar deste Cracker Island, para outro é ainda mais fácil não apreciar.

Existem faixas que captam mais o ouvido do que outras. Por exemplo, a Silent Running é um tema viciante e que nos cativa pela sua identidade melódica. Enquanto que, em temas como a Crocadillaz, o resultado é distinto, mais linear e menos efusivo. Se bem que isto é e será sempre relativo. O que não é, são mesmo as dicotomias que podemos encontrar ao longo de todo este álbum.

Os cartoons, que são literalmente a imagem de marca dos Gorillaz, neste trabalho, é algo que prevalece e que tem uma componente funcional, tendo em conta que é um complemento visual do que é concebido, em primeira instância, para os nossos ouvidos. É o tão badalado leve dois pague um. Continuam com o surreal e com seu quê de sinistro na construção dessas mesmas curta-metragens que não são curtas metragens mas que podiam ser.

Em suma, este é um lançamento sólido e que, ao mesmo tempo, possibilita inúmeras opiniões sobre o mesmo. Isto é, é natural que encontrem todo o tipo de informação sobre o mesmo. Ou melhor, é natural que encontrem todo o tipo de opinião. Esta é mais uma.

Para quem quiser ir mais além, vestir a pele de neird e ficar a conhecer o desenvolvimento deste mais recente trabalho pode e deve ver a entrevista em estúdio com o Damon Albarn, lançada há poucos dias, no canal da Apple Music. Alerta spoiler: Está muito interessante!