Não há quatro sem cinco. O quinto álbum de The Weekend é uma das melhores entradas neste novo ano. Como pode ser ouvido, não foram precisas passas, uma vez que, mesmo sem elas, este álbum não passa despercebido.
A ideia que este álbum alberga é a de estarmos sintonizados a uma estação de rádio, enquanto somos brindados com um pop vintage mas que, nem por isso, o podemos excluir daquela que será a vanguarda do estilo. O próprio Abel Tesfaye confessou, em entrevista à Billboard, que este é um disco que existe para ser ouvido em pleno trânsito, num estilo de vida contemporâneo e comum. Na entrevista, ele até vai mais além. É meio irónico, uma vez que hipoteticamente nos encontramos encurralados no trânsito, porém, este disco permite-nos ver a “luz ao fundo do túnel”, funcionando como uma espécie de solução anti-stress. Mais do que isso, este álbum tem o binário de nos remeter para o R&B dos anos 70 + 10, isto é, dos anos 80.
A construção deste disco é, toda ela, muito bem pensada e estruturada. A inclusão daquele que é o seu vizinho na vida real, Jim Carrey, faz com que este álbum tenha contornos ainda mais coloridos, como se estivéssemos a percecionar o belo dum fogo de artíficio. O álbum ganha com Jim Carrey carisma, nuances radiofónicas convictas, uma teatralização apelativa nesta que é uma viagem até um destino incógnito. De salientar, que esta rádio, a Dawn FM, é uma estação de rádio do purgatório. “Phantom Regret by Jim”, é uma faixa que traça e reforça tudo o que foi anteriormente dito.
As participações neste disco são extensas. Numa primeira instância, podemos contar quer com Max Martin, quer com Daniel Lopatin (Oneohtrix Point Never). Com estas duas colaborações o álbum consegue apresentar-se com uma face angelical e com uma outra. Uma diabólica. Duas ideias eletrónicas, com filosofias distintas, mas que se convergem em algo de inovador e digno de ser ouvido e repetido. Além destes intervenientes, podemos contar com uma mãozinha na produção de Calvin Harris, Sweedish House Mafia e do sempre fiel Oscar Holter. A lista de participações não se fica por aqui, pois temos também a presença de Lil Wayne, Quincy Jones e Taylor, The Creator. Que tropa!
Este é, muito provavelmente, o álbum mais melódico do canadense. A vibe notoriamente retro é adotada de maneira a proporcionar algo de dançável e, ao mesmo tempo, nostálgico. Um dos exemplos mais flagrantes da identidade e influência temporal do álbum é o tema “Out of Time” que vem sempre a tempo de ser ouvido, diga-se. As harmonias, o perfume e a habilidade que o The Weekend tem de reforçar aquela que é a sua posição na música, (avançado), é algo que é evidenciado a cada lançamento. Na faixa “Here We Go… Again”, temos a presença de Tyler, The Creator. “Best Friends”, batidas “noturnas”, de disco clássico, que dão a mão àquela que é a lírica crua e perversa de sempre, e de Tesfaye. A consistência é assinalável. Percorram o álbum que não se vão cansar.
Não sei como foi a vossa passagem de ano, mas a do The Weekend é fácil comprovar que foi em grande. Este disco contém umas janeiras que se compilam em 16 faixas, e em ritmos que nos convidam a ficar. Um presente de Natal atrasado, no fundo. Quem precisar de um álbum que contenha uma proposta convincente o suficiente que nos leve a frequentar um curso de dança, este álbum é bastante recomendável. Eletrónica com magia. Magia com eletrónica. The Weekend ouve-se até durante a semana! Uma autêntica continuação daquele que foi o êxito do “After Hours”.