Hayden Thorpe – “Moondust For My Diamond”

Em 2019, Hayden Thorpe iniciou a sua carreira a solo com o álbum “Divinir”. Dois anos após a estreia, surge agora aquele que é o seu segundo álbum, o “Moondust For My Diamond”. Thorpe, é um cantor, multi-instrumentista e compositor, conhecido por ter sido um dos fundadores do projeto Wild Beasts, juntamente com Ben Little. Os Wild Beasts foram fundados no ano de 2002. O ADN da banda prendia-se ao indie rock e, em abono da verdade, foram consideravelmente aclamados pela crítica. Projeto esse que se prolongou até 2018… e até deixar de se prolongar.


O álbum “Moondust For My Diamond” é um paradoxo em relação ao “Divinir”. Se no primeiro álbum temos uma visão mais introspetiva e interior, este novo trabalho chega-nos com uma visão exterior e extrovertida, isto se o olhar conseguisse ser extrovertido. Existe um fluxo mais natural que culmina numa relação harmoniosa entre a vertente visual e sonora. Aqui, esses dois mundos esbarram-se, ficam amigos e, logo de seguida, transformam-se numa produção singular e bastante favorável.


Neste trabalho, tropeçamos numa eletrónica sedutora, que tem tanto de atrevida como de controlada. Ou seja, é um álbum que não perde as estribeiras, nem entra em euforias porque não precisa delas. Por outro lado, é um álbum que se mantém linear a uma eletrónica hipnótica, que faz com que o álbum seja isso mesmo… hipnotizante. É fácil chegar a boas conclusões, mais fácil é ouvir este álbum. A capacidade expressiva de Thorpe é carismática, a voz dele aparenta ter ficado retida nos anos 80. Retro. A forma como ele nos relata as letras faz-me lembrar, um pouco, a forma interpretativa do Patrick Watson. Juntamos a voz aos sons mais contemporâneos com influências de jazz, de synth pop, e percebemos que o que mora por aqui consegue ser mais do que uma simples eletrónica e é. O resultado final deste álbum é uma autêntica playlist de música ambiente e noturna.


A “Golden Ratio”, é um ótimo tema para quem quiser ficar a conhecer, pela primeira vez, este trabalho. Conta com uma batida soft e percebem, de imediato, a referência que fiz à voz carismática e nostálgica de Thorpe. É um som de ouro, só não o levem ao ourives. Fiquem com ele. “Supersensual”, é um tema que nos oferece umas brechas de um conceito que consegue ser, também, acústico. O groove, esse, acaba por se instalar com naturalidade, com a mesma naturalidade com que as ervas daninhas nascem no quintal. “Rational Heartache”, é um som racional e onde a eletrónica tem uma séria razão. O mood é misterioso e carregado de sabor das horas madrugadoras. As teclas que surgem na segunda metade da música são formidáveis. Com este álbum, Thorpe mostra-nos que está mesmo em forma!


Álbum produzido por Richard Formby e Nathan Jenkins. Lançado pela Dominos Records, estúdio este que, outrora, já tinha lançado cinco álbuns da banda Wild Beasts. Thorpe tem como referências musicais Kate Bush, Leonard Cohen e/ou The Smiths. Podemos dizer que ele tem muito bom gosto! No que toca ao capítulo lírico, Thorpe deixa-se influenciar por Arthur Rimbaud, poeta francês que fora relevante na consolidação do surrealismo.
Este “Moondust For My Diamond” é uma excelente sugestão para nos fazer companhia e para preencher o vazio do nosso dia e da nossa sala!

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