Cullen Omori

Compositor, multi-instrumentalista e vocalista. Assim se define, em três palavras, aquilo que Omori é no universo musical. É aquilo a que chamamos na gíria popular de canivete suíço. Aqui, o único handicap é o facto de ele não ser suíço. Omori apresenta-nos a sua visão e aquela que ele considera ser a melhor estrada para percorrer o indie-pop.


Antes de Omori se aventurar a solo, era membro da banda de rock Smith Westerns. O divórcio deste rock mais puro aconteceu, para que o matrimónio com o mundo mágico do indie tivesse o seu lugar. A melhor forma que Cullen encontrou para enveredar nessa vertente foi a de seguir sozinho. E seguiu.


Convém salientar que os Smith Westerns obtiveram um sucesso algo relativo. A banda, fundada em 2007, conquistou uma crítica unânime e positiva, sobretudo, com o seu álbum “Dye It Blonde”, de 2011. Aconselho a ouvirem Smith Westerns, também. No entanto, um dos principais motivos que acabou por empurrar a banda para a sua separação foi o lançamento do “Soft Will”, em 2013. O lançamento deste álbum obteve reações completamente opostas àquelas que foram obtidas no primeiro álbum, dois anos antes. A crítica foi, na sua maioria, negativa e a controvérsia, essa, ficou instalada. As divergências dos ideais musicais no seio do grupo foram a gota de água para Cullen Omori.


Após Omori abandonar a banda começou a trabalhar num hospital. Pode-se dizer que a música assumiu um papel mais secundário, enquanto tentava encontrar um rumo. Todavia, apesar desse emprego primário, Omori mantinha uma parceria com o músico Adam Gil, onde realizava demos lo-fi com temas que já tinha na gaveta.


Esse rumo não tardou a aparecer e, em 2016, nasce aquele que é um álbum carregado de essência e de experiências sonoras superlativas. O “New Misery” surge após uma ida para estúdio com o Shane Stoneback, este que acabou por ser o seu braço direito, para quem for destro, deste seu incrível álbum de estreia. O que permitiu e, por consequência, facilitou a vida de Omori na concretização deste álbum de estreia foi o contrato finalizado com a Sub Pop. A faixa mais marcante deste álbum, aos meus ouvidos, é a “Synthetic Romance”. Que musicão! Aproveito, desde já, para agradecer ao Daniel o facto de me ter enviado esta pérola e por fazer com que eu mergulhasse naquele que é o itinerário musical de Omori. Foi como ter recebido um rebuçado, só que melhor. A “New Misery” recebe-nos calorosamente, traz-nos calma. A “No Big Deal“ é um grande negócio, não se deixem iludir. Cheira-nos a Supertramp. Cheira-nos a um perfume tão bom. Após este lançamento seguiu-se uma turné, de sucesso, pelos Estado Unidos. Ou seja, a turné serviu para unir Omori ao público. Foi esse o estado da coisa.


Pouco tempo depois da estreia, Cullen enfrentou uma série de infortúnios. Teve um acidente rodoviário, uma separação amorosa, uma mudança de residência para Los Angeles, entre outros. Bem, a mudança de residência para Los Angeles até pode não ser considerado um infortúnio, mas é algo que, invariavelmente, tem interferência no processo criativo. A soma destas mudanças e acontecimentos culminou na criação do seu segundo trabalho, o “The Diet”, que foi disponibilizado em 2018. É um álbum que, ao contrário daquilo que ele nos diz, nos convida a tudo menos a fazer uma dieta dele. Este foi um trabalho que envolveu inúmeros intervenientes, contando também, com a cooperação desbloqueadora do produtor Tayler Locke. Músicas como a “All By Yourself”, “Master Eyes” ou “Queen”, são apenas umas amostras dos temas que fazem parte deste álbum, que teve como inspiração todas as turbulências, que mais a norte deste artigo, já foram referidas.


Cullen Omori é algo que nos faz despertar sensações, que nos relaxa e que nos transporta para outras galáxias. Ouvimos e repetimos. Repetimos e ouvimos. Quando a música é tratada com paixão, obtemos coisas como aquelas que Omori nos oferece.


Podem ver e ouvir as prestações do Omori no KEXP, em anos e álbuns distintos. Comecem por ouvir o mini-concerto de 2016 e, logo de seguida, ouçam o regresso, em 2018. Deixem-se levar para onde a música vos levar!

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