Homem em Catarse – O tempo vem atrás de nós

Após o lançamento de três discos, a lógica numérica disse-nos que, o que se seguiria, seria o lançamento do quarto disco. Não só seria como é. Podem permanecer calmos que, apesar deste ser a introdução do quarto disco, vocês podem ouvi-lo na sala, na cozinha e em todo o lado, como o slogan daquela rádio que não me ocorre o nome.

Aqui, vamos encontrar muito daquilo que o tempo representa. O tempo, se repararmos, é a coisa mais presente e silenciosa que existe. Não damos por ele, mas ele dá por nós. Ele encontra-nos sempre, mesmo que em nós não exista propriamente essa procura. O tempo manifesta-se de forma curiosa. Aliás, o tempo manifesta-se muitos antes desta coisa das manifestações existirem. Pioneiro. Ele manifesta-se e faz-se sentir. Por outro lado, também nos consegue convencer e ludibriar de que pára. Sei que o pára já não existe com acento, no entanto, eu acho que a palavra deve existir com ele.

Este álbum marca o regresso pós-pandemia e é, também por isso, que a temática do tempo contém toda uma outra sensibilidade presente neste novo trabalho. Se o tempo parou, o que tivemos no período que se seguiu foi um vulcão de pulso. A metáfora aqui tem que ver com o facto de, por norma, as pessoas utilizarem o relógio no pulso. Foi quase como se o tempo tivesse secado e, de súbito, nos tivesse inundado com todo um mundo de oportunidades que ele nos traz.

O tempo vem mesmo atrás de nós enquanto, paradoxalmente, estamos à sua frente. O facto de estarmos à sua frente e, consequentemente, à sua mercê, é o que nos torna vulneráveis. Se não existe uma escapatória, existem sempre formas de o sabermos levar. Aproveitá-lo, talvez. Se bem que, neste aspeto, a coisa será sempre ampla porque o tempo e, sobretudo, aquilo que fazemos com ele serve-nos de maneiras distintas. Porquê? Porque somos feitos daquilo que ele nos faz com todas as diferenças que possuímos.

Em termos sonoros podemos sentir a identidade de Homem em Catarse, as guitarras sóbrias e o caudal de uma percussão eficiente. Um som que é um excelente cartão de visita para a longa-duração que se avizinha. De destacar está, também, a construção do videoclip. Apreciei o facto de o mesmo ter a capacidade de integrar e realçar o peso das rotinas no tempo. Os lugares comuns e a a simplicidade são a chave da porta deste sucesso.

Filosofei um bocado, eu sei. Mas a arte é isto. É olhar para ela e ver nela o potencial de a adaptarmos a algo que nos pertence. Os temas, sempre pertinentes, que o Catarse aborda são propícios a isto. Reflexão. Ouçam, que o tempo será bem empregue!

Youtube:

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Spotify:

Spotify — O Tempo Vem Atrás de Nós

Fotografia: cadernetamusical_

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